Na minha adolescência, quando a gente passava dos limites, sempre tinha um adulto que soltava a seguinte frase: "Não confunda liberdade com libertinagem". Apesar de nem saber direito o que era libertinagem, essa fala causava um certo efeito de sabedoria.
Atualmente quem anda confundindo o significado de liberdade são os adultos. Talvez por ignorância, hipocrisia ou pura falta de interpretação de texto, estão supondo que liberdade de expressão é falar o que quiser, custe o que custar. Pode até ser que seja isso mesmo, mas a consequência do que se fala nem sempre vem junto, incentivando a disseminação de ideias carregadas de preconceito e ódio.
Tenho saudades da época em que o único discurso que me irritava era do carro de som que passava na minha rua, gritando no megafone centenas de vezes as mesmas frases: "Olha a PAMONHAAA!!! Pamonha de Piracicaba. O puro creme do milho." Agora sou obrigado a escutar estrumes humanos vomitando frases como "mulher merece ser estuprada" ou "aparelho excretor não gera filho". Aonde vamos parar???
O mais triste desses discursos é que, junto deles, tem uma parcela da população que realmente acredita nisso ou que é indiferente a esse pensamento de discriminação que é cuspido em nossas caras. São os verdadeiros "caras de paisagem". Não me afetou, então faço "cara de paisagem". Não mexeu comigo, então "faço cara de paisagem". Mal sabem que, direta ou indiretamente, isso afeta todo mundo, porque o espirro do outros sempre acaba respingando no nosso prato.
Eu não preciso ser mulher para lutar contra o machismo. Não preciso ser gay para gritar por direitos iguais. Não preciso ser negro para tentar combater o racismo. O que precisamos mesmo é ser seres humanos HUMANIZADOS, para entender que o que afeta o outro, também me afeta. Simples assim.
clap clap clap ... "de pé"!
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