domingo, 28 de junho de 2015

O buraco.

Hoje eu vou falar do BURACO. Buraco??? É, sim senhor, do BU-RA-CO.

Era uma vez uma comunidade pobre, onde suas ruas só não tinham mais buracos pela falta de espaço. Os buracos se emendavam uns nos outros, formando um grande amontoado de vazio. Vazio este que se estenderam aos moradores do lugar, que tinham suas casas EMBURACADAS por marcas de balas de revólver. O mesmo revólver que fez buraco na cabeça do preto pobre, que roubou pra se mostrar vivo. O que ninguém contou é que, antes de roubar, roubaram-lhe seu sonho. Fizeram um buraco no seu futuro promissor, na sua perspectiva de vida e na sua esperança de ser grande. Ladrão que rouba ladrão não tem cem anos de perdão?

Nesta mesma comunidade, morando em um buraco qualquer, tinha um tal de João. Mas não é assim que o chamavam. Ele era carinhosamente apelidado de bichinha, maricona, veado, depravado, abominável, "morde-fronha", pervertido... ufa!!!  Se cada um sente prazer pelo BURACO que deseja, porque ele foi tão rejeitado? Fizeram um buraco no coração dele (e não é o buraco que o amor faz quando a gente está apaixonado). Foi um buraco de um punhal que estava na mão de um acovardado, que tinha na cabeça nada mais que um buraco: o buraco da intolerância.

Pobre João, ele foi mais um zero na estatística. Peraí, zero tem formado de buraco. O mesmo buraco que fazem pra enterrar muitos Joãos e Marias que são vítimas de crimes de ódio, esse mesmo ódio que é disfarçado de moral religiosa, machismo encubado e desejo internalizado. E o buraco da hipocrisia deixa rastro de sangue, de uma vermelho vivo de gente morta, no asfalto emburacado.

Essa comunidade pobre, de que tanto falei, está dentro de cada um de nós. Que possamos preencher os nossos buracos com sentimentos de vitória, amor universal e glória. E que a nossa voz seja instrumento de protesto por um mundo igual pra todos, sem distinção de gênero, condição social e raça. Tá, a minha voz sai da minha boca, que é um buraco. Então que os nossos buracos sejam bem utilizados em benefício do próximo.

Ahhh... se cada um sente prazer pelo buraco que deseja, então use sem moderação!!! E viva o buraco!!!

8 comentários:

  1. O problema é que vivemos mais preocupados com os outros, do que connosco próprios.

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    1. E aí a gente tenta limpar a bunda do outro e acaba deixando a nossa suja.

      Abraços!!!!

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  2. Oi Alexandre!
    Caraca... Acabei de te conhecer e, pelo texto que escreveu, já ganhou um respeito enorme de minha parte.
    Muito triste quando as mentes das pessoas não passam de buracos que são preenchidos pelo vazio da religiosidade, intolerância e falta de sensibilidade.
    AMEI seu texto.

    Nota: Procurei tua gadget de seguidores e não encontrei, mas como não quero perdê-lo de vista, colocarei teu blog no meu blogroll dos blogs que recomendo.

    Beijos.

    Rivotril com Coca-Cola

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    1. Aêêêê.... que bom que gostou!!! Fiquei feliz que tenha curtido... são meus devaneios que não cabem em mim.... E obrigado por me colocar na sua lista de blogs...Tô me achando!!!... rs... Abraços!!!

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  3. Oi, Alexandre!
    A maior batalha que travamos é uma que não percebemos, a batalha da mente, da consciência, precisamos abrir o olho pra tantas coisas mais que o casamento gay chega a ser apenas uma fichinha da evolução.
    Podemos batalhar para soltar nossos amigos da prisão mental que o mundo os colocou - Devemos começar por eles, já que os estranhos poucos nos ouvem. Temos força, alma, sentimos dor, amor, podemos crescer, transformar o mundo no que queremos ou simplesmente nos revoltar, ou nos esconder, aí não haverá avanço que vai nos salvar da mão invisível, não haverá avanço que vai nos tornar livres de verdade, e logo, controlarão tudo que nos resta por dentro.
    Parabenizo todas as pessoas, até mesmo os conservadores que não tem noção de como o mundo pode melhorar. Eles sem que percebam nos faz enxergar a realidade que eles vivem, escravos de um sistema.
    Beijus,

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  4. Tuas metáforas me pegaram, tive de pensar para não começar a rir com a primeira figura rs...mas fizeste algo bem mais profundo meu amigo, para taparmos os buracos do mundo, vamos preencher o nosso interior. Muito bom mesmo teu post, querido Alexandre.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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